Reproduz-se abaixo o comunicado da ADFERSIT - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes:

COMUNICADO
Contra a campanha de desinformação sobre as ligações
ferroviárias internacionais
Foi recentemente lançada na Comunicação Social, com eco até na Assembleia da
República, uma campanha de desinformação sobre as ligações ferroviárias
internacionais em bitola europeia. Foram feitas afirmações como:
1 - “a linha de bitola europeia para Badajoz que o Governo quer construir não tem
continuidade assegurada do outro lado da fronteira”
2 - “uma linha de mercadorias entre Sines e a Europa é uma impossibilidade”
3 - “a linha espanhola em bitola europeia entre a fronteira portuguesa e Madrid não
está parametrizada para cargas pesadas (contentores e granéis)”
4 - “sem que haja planos dos espanhóis para mudar a bitola na sua rede”
5 - “a bitola europeia é um investimento desnecessário”.

A primeira afirmação é enganadora: de acordo com os planos espanhóis esta ligação,
tal como a ligação da fronteira francesa até à fronteira portuguesa de Vilar Formoso,
estarão construídas em 2020. Apresenta-se no Anexo 1 parte do documento do
Ministério do Fomento de Espanha que refere este objectivoe demonstra a falsidade
da segunda afirmação.

A terceira afirmação é igualmente falsa. A linha espanhola, tal como a da parte
portuguesa, está preparada para cargas de 25 toneladas por eixo, o que é
perfeitamente compatível com o tráfego de contentores1.
A quarta afirmação também é falsa. Há muito que é conhecida a intenção espanhola
de mudar a bitola ferroviária, expressa no seu “Plano Estratégico de Infraestruturas de
Transportes”, PEIT (2005-2020), de que se apresenta cópia das partes mais relevantes
no Anexo 2.
A quinta afirmação é uma opinião que reflecte uma total falta de visão estratégica.
Após a mudança da bitola ferroviária em Espanha, se Portugal não fizesse o mesmo, a
rede ferroviária portuguesa tornar-se-ia uma ilha ferroviária e Portugal ficaria
dependente da via rodoviária para o transporte terrestre internacional de
mercadorias. Como a rodovia tende a ficar cada vez menos competitiva para as médias
e grandes distâncias devido aos problemas ambientais e energéticos, esta situação
seria um desincentivo ao investimento em Portugal e um estímulo à deslocalização de
empresas, conduzindo à “albanização” progressiva da nossa economia.

Lisboa, 6 de Abril de 2012

1 Estando a linha preparada para cargas de 25 toneladas por eixo, um vagon com 2 boogies (cada um
com 2 eixos) pode transitar nesta linha se, em conjunto com a carga, não pesar mais de 100
toneladas. Como um contentor de 20 pés (1 TEU) pesa em média 15 toneladas, um vagon (de peso
entre 20 e 30 toneladas) pode facilmente transportar 3 TEU, ou seja, os parâmetros técnicos da linha
são perfeitamente compatíveis com o tráfego de contentores.
COMUNICADO ORIGINAL:

ANEXO 1

ANEXO 2