0 ministro das Obras Públicas vai anunciar, hoje, aos autarcas de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo que a obra da Metro Mondego vai concretizar-se, até 2014, mas terão de ser os municípios a assegurar parte dos 455 milhões do custo global do projecto.
"O Governo garante o Sistema de Mobilidade do Mondego. Mas as autarquias terão de comparticipar financeiramente no âmbito das bases da concessão e da legislação sobre a matéria", disse, ontem ao JN, fonte do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
"Tendo em conta a situação económica actual do país e as restrições financeiras e de crédito, é necessário actualizar um conjunto de avaliações, designadamente estudos de viabilidade económica da Linha da Portagem (não foi feito), em Coimbra; análise financeira do projecto (nunca foi feito); impacto da concessão do Pinhal Interior na mobilidade do distrito de Coimbra", refere a mesma fonte ministerial.
O ministro António Mendonça vai ainda transmitir aos presidentes das câmaras de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo que o Governo não irá avançar, pelo menos até 2014, com o percurso do metro pela Solum, em Coimbra, "por ser uma solução mais demorada e mais cara". .
António Mendonça e o secretário de estado dos Transportes vão propor que a rede de transporte público regional seja coordenada por uma autoridade supramunicipal (à semelhança do que está já a ser trabalhado para o Algarve e Minho). Vai exigir "clarificação absoluta relativamente à repartição de responsabilidades financeiras entre as administrações Central e Local".
"O Governo pretende rever o projecto, sem tabus, reduzindo custos onde possam ser reduzidos (nomeadamente intervenções urbanísticas que não deve ser a Metro Mondego a suportar, mas as respectivas câmaras) e verificar se existem formas mais eficientes de garantir o mesmo nível de serviço às populações, com custos de investimento e de operação inferiores", refere o Ministério.
Reacções de autarcas
Ontem, à Lusa, o presidente da Câmara da Lousã mostrou-se disponível para aceitar a recalendarização do projecto. "Da nossa parte, nunca houve obstáculo. Sempre dissemos que compreendíamos o momento complicado do país", disse Fernando Carvalho (PS). "Se não tivermos alternativa, estamos disponíveis para aceitar este novo calendário de obras, sempre com uma solução sobre carris", sublinhou.
Menos optimista, o porta-voz do movimento cívico de Miranda do Corvo e Lousã, que tem liderado a contestação à suspensão das obras, disse que, "dados os antecedentes", receia que o secretário de Estado dos Transportes "não queira fazer nada". Jaime Ramos congratulou--se, no entanto, pelo facto do governante "ter entrado nos carris e mudado de opinião", considerando agora o projecto como "prioritário e com condições para avançar".
in Jornal de Notícias
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