Os edifícios para que se tornem sustentáveis em Portugal ainda têm um grande caminho a percorrer, mas já se começa a verificar uma maior preocupação pelo cumprimento deste conceito, em especial, nos hotéis, centros comerciais e escritórios, uma vez que procuram o equilíbrio entre ambiente, sociedade e economia.
De acordo com o presidente de direcção da iiSBE Portugal, Luís Bragança, um edifício sustentável deve melhorar a vida quotidiana das pessoas e minimizar os impactos provocados no meio ambiente. É um imóvel que enfatiza estratégias tecnológicas inovadoras utilizadas no processo de construção, tendo em conta a eficiência da construção e a manutenção da mesma; a (re)utilização de todas as estruturas passíveis de serem aproveitadas, prevendo, sempre que possível, o uso de materiais ecológicos e o bom enquadramento com a envolvente, minimizando choques visuais, ambientais e sociais.
Na opinião de Luís Bragança, é difícil dizer quantos edifícios sustentáveis existem no país, já que se encontram no mercado alguns projectos imobiliários, cujos promotores os auto-intitulam como mais sustentáveis do que os tradicionais. No entanto, alguns estudos demonstram que muitos não apresentam quaisquer mais-valias relativamente às soluções convencionais, pelo que o rótulo “sustentável” é apenas utilizado numa lógica de marketing. Inclusive, apenas uma minoria de edifícios foi alvo de avaliação da sustentabilidade e é considerado sustentável. “Este conceito começou a ser discutido apenas nos últimos anos no mercado da construção portuguesa, pelo que os edifícios construídos antes destes não eram projectados com o objectivo de serem sustentáveis o que não quer necessariamente dizer que não o sejam”, esclarece. Seria necessário avaliar todo o meio construído, mas actualmente avaliados e certificados, existem muito poucos: “num total de perto de 3,5 milhões de edifícios, menos de 100 são certificados”, informa.
Contudo, o conceito de sustentabilidade no edificado e nas zonas urbanas é compreendido pelos portugueses e está a “percorrer o seu caminho espinhoso”, apesar de não ser prática dominante, afirma o responsável pelo sistema da LíderA, Manuel Pinheiro. “Por exemplo, o centro histórico do Porto, o Parque das Nações, em Lisboa, ou algumas zonas do centro de Óbidos, Évora e Guimarães conseguiram resultados incríveis”, sublinha.
Apesar de todo o potencial de Portugal, a aplicação do conceito ainda se encontra muito longe dos padrões dos países do Norte da Europa, reforça Luís Bragança. Além disso, esta situação tem vindo a ser agravada nos últimos anos pela crise económica e do imobiliário. “Se bem que esta crise pode ser uma grande oportunidade. E o interesse e educação da população sobre esta temática está a aumentar, acabando por funcionar como combustível para o seu progresso”, finaliza.
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