A ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite defendeu esta segunda-feira que é tarde para Portugal apostar nas obras públicas de proximidade, porque já não há dinheiro, com famílias, empresas e Estado endividados e sem acesso ao crédito.
«Tal como um tratamento de um doente que, ou bem que vai a tempo, ou bem que é tarde. Neste momento, do meu ponto de vista, isso é absolutamente tarde, não funciona. E não funciona por um motivo simples: não há dinheiro», declarou a deputada social democrata, durante as jornadas parlamentares do PSD, em Braga.
Manuela Ferreira Leite assumiu esta posição em reacção à intervenção do presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, Reis Campos, que num debate sobre crescimento económico apontou este sector como estratégico, defendendo uma aposta na requalificação urbana.
A anterior presidente do PSD pediu a palavra para discordar de Reis Campos: «Eu compreendo perfeitamente o que disse, mas, neste momento, do meu ponto de vista, está fora de tempo».
«Eu acho que haveria um grande engano se disséssemos que íamos, afinal, apostar novamente em bens não transaccionáveis. Nós temos de apostar nos transacionáveis e um dos motivos pelos quais nós perdemos competitividade ao longo dos anos teve a ver com a aposta forte nos não transacionáveis. Portanto, nós agora ao querermos inverter a situação irmos outra vez para o mesmo penso que seria desajustado».
Manuela Ferreira Leite recordou que «há dois anos e tal», em campanha eleitoral como presidente do PSD, «no eclodir da crise», defendeu «uma redução de impostos para as pequenas e médias empresas» e «uma aposta no investimento de proximidade, nomeadamente a reabilitação urbana».
«Neste momento, é tarde para tomar determinadas medidas que são essenciais e que foram essenciais e que podiam ter sido feitas a tempo».
A antiga ministra das Finanças referiu que «as famílias estão endividas, as empresas estão endividadas, o Estado não tem hipótese de fazer» investimentos, «para que necessitam de crédito e precisavam de não estar endividados». «É evidente que não é exequível», reforçou.
Manuela Ferreira Leite assinalou que «talvez há mais de dez anos» vem dizendo que o setor das obras públicas tem de se reorganizar, «porque as obras públicas vão ter um limite e esse limite está atingido porque não há crédito, não há dinheiro».
Reis Campos respondeu que apenas defende para o sector que representa «as obras públicas de que o país necessite e que sejam rentáveis» e que seria preferível canalizar o dinheiro gasto com os desempregados deste sector «para a reabilitação urbana».
in Agência Financeira
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