A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), um dos maiores grupos siderúrgicos do Brasil, avançou nesta sexta-feira (18) com uma oferta de compra da Cimpor, grupo português de cimentos, também presente no mercado brasileiro, em países africanos, da América Latina e da Ásia.

O Banco Espírito Santo Investimento é o intermediário financeiro da operação, representante da oferente e encarregado da assistência à oferta.

A CSN, que controla a portuguesa Lusosider, apresentou uma oferta pública de aquisição sobre a totalidade dos capital da Cimpor, que é de 672 milhões de ações.
oferecendo 5,75 euros por cada ação. O prêmio é de 5% e a oferta de compra avalia a Cimpor em 3,86 bilhões de euros.

De acordo com anúncio feito à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a concretização da operação é dependente da aquisição, por parte da CSN, de um mínimo de 50% do capital da Cimpor.

Os sete maiores acionistas na Cimpor, com posições no capital da empresa acima de 4%, controlam 81,2% da cimenteira. A Teixeira Duarte controla 22,9% da cimenteira, seguida da Lafarge que detém 17% e do empresário português Manuel Fino, com 10,7%. A Caixa Geral de Depósitos tem 9,6%.

De acordo com nota da siderúrgica, o lançamento da oferta de compra “insere-se na estratégia de diversificação e internacionalização dos negócios da CSN” e “a aquisição do controlo da Cimpor permitirá o acesso a mercados já consolidados e a novos mercados com elevado potencial de crescimento”.

No comunicado, a CSN diz querer “trabalhar em conjunto com a atual administração da Cimpor, de modo a alcançar o sucesso da operação com vantagens para os dois grupos empresariais”. “Pretende-se pois continuar e desenvolver a atividade da Cimpor, da Oferente e das sociedades que com elas se encontram em relação de domínio ou de grupo”, afirma a CSN.

A Cimpor no Brasil

No Brasil desde 1997, a Cimpor tem fábricas de produção de cimento em Campo Formoso, no estado da Bahia, Cajati em São Paulo, Candiota e Nova Santa Rita no Rio Grande do Sul,
Cezarina em Goiás, São Miguel dos Campos em Alagoas, João Pessoa na Paraíba e Brumado, também na Bahia, além de duas instalações de moagens de cimento e 30 centrais de concreto.

A operação brasileira da Cimpor é responsável por uma produção de cerca 6,2 milhões de toneladas por ano.

Nos primeiros nove meses do ano, a Cimpor registrou um volume de negócios de 307,1 milhões de euros no Brasil, com um crescimento de 1,2%, que consolidou o mercado brasileiro como o segundo maior do grupo, apenas atrás de Portugal. No terceiro trimestre o crescimento do volume de negócios no Brasil foi de 3,7%, para 119,8 milhões de euros.

O volume de negócios global da Cimpor foi de 552 milhões de euros no terceiro trimestre, recuando 2,9%, e de 1.575 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, descendo 0,3% em comparação com igual período de 2008.

No acumulado do ano, os volumes de negócios da Cimpor em Portugal e Espanha (os seus dois principais mercados, além do Brasil) registraram decréscimos de 17,3% e 11,5%, respectivamente. A Cimpor também perdeu volume de negócios na Turquia e em Cabo Verde, mas aumentou a faturação em Marrocos, Tunísia, Egipto, Moçambique, África do Sul e China, além do Brasil.

O mercado brasileiro foi, aliás, o país onde a Cimpor mais vendeu cimento e clínquer nos primeiros nove meses do ano. De janeiro a setembro foram 3,33 milhões de toneladas vendidas no Brasil, com um ligeiro decréscimo de 4,8% face a 2008. Em Portugal, a Cimpor vendeu 3,18 milhões de toneladas (queda de 26,5%), no Egito foram 3,04 milhões de toneladas (crescimento de 26,2%), na China 2,71 milhões de toneladas (aumento de 30,9%) e em Espanha 2,39 milhões (deslize de 3,6%).

Sobre "a pequena queda" registrada no Brasil, a Cimpor diz que "é totalmente explicada pela ausência de exportações no corrente ano".

Mesmo assim, o Brasil gerou para a Cimpor um EBITDA ('cash flow' operacional) de 87,8 milhões de euros, mais 16,5% do que nos primeiros nove meses do ano passado. Foi o segundo maior contributo para o EBITDA da Cimpor, apenas atrás dos 112,6 milhões de euros gerados no mercado português.

A Cimpor fechou o período de janeiro a setembro com um EBITDA de 457 milhões de euros, 2,9% acima do ano passado. A margem EBITDA (ou seja, o peso que o EBITDA representa face ao volume de negócios) foi de 29%, melhorando comparativamente com os 28,1% de 2008.

A companhia somou nos primeiros nove meses um lucro de 177,8 milhões de euros, mais 18,3% que no ano passado. Só no terceiro trimestre o lucro da Cimpor cresceu 63,8%, para 70,7 milhões de euros.

"A nível operacional, a Cimpor continuou a demonstrar uma notável resiliência à grave crise que a economia mundial e, em particular, o sector cimenteiro vêm atravessando", analisa o grupo em comunicado divulgado em novembro passado.


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